terça-feira, agosto 26

Uma droga chamada paixão


A paixão seria algo maravilhoso se não fosse apenas uma experiência temporária. Lenine a define como algo “avassalador, chega sem avisar [...] chega nem pede licença, avança sem ponderar”. A paixão não é premeditada, ela simplesmente acontece. A paixão até satisfaz as necessidades de amor que uma pessoa tem, mas por um curto período de tempo. Ela dá uma sensação de que alguém se importa com você, admira e respeita você. Então você é levado pelas emoções e acredita que é a pessoa mais importante do mundo para esse alguém que você gosta. Mas chega uma hora que o calor da paixão se esfria e sua necessidade de amor não é mais satisfeita. Depois, acontece o que ocorre com na grande maioria dos casos, você sente um vazio enorme dentro si, e esse vazio sempre leva consigo a dor, desilusão, raiva, remorso e por aí vai.

Quando uma pessoa se apaixona, acontecem reações químicas em seu cérebro. A ciência moderna explica isso. Uma super-produção de dopamina, substância química responsável pela transmissão de sinais na cadeia de circuitos nervosos, funciona como uma droga natural. Isto explica a euforia, a vida, a energia que uma pessoa apaixonada possui. É como se a pessoa tivesse ingerido uma pílula de felicidade: A droga da paixão.

Viver a paixão é muito bom, alguém descorda? Porém a paixão é perigosa. Como qualquer droga, tem uma hora que o organismo se torna resistente aos seus efeitos e, nesse caso, toda essa loucura de se estar apaixonado vai sumindo pouco a pouco. É semelhante ao que ocorre quando as pessoas usam drogas ou substâncias que de alguma forma provocam euforia. Ao criar a tolerância, há necessidade de mais “droga” para provocar o mesmo efeito. Desta forma, após passar pela fase de pico, a tendência do fogo da paixão é perder a intensidade. Dizem que o ser humano é programado para se apaixonar por um período de até 30 meses, sendo verdade, há dois riscos nisso tudo: 1) No pico, a pessoa pode tomar decisões que venham a comprometer toda sua vida. O psicólogo Jonathan Haidt dá um sábio conselho quando diz que nesta fase ninguém deveria pedir alguém em casamento ou aceitar casar-se com alguém; e 2) no calor da paixão, pode-se achar que era tudo uma ilusão e romper prematuramente uma relação que poderia dar certo.

A paixão não se transforma em amor, aliás, eles são completamente diferentes. O amor é algo que acontece lentamente e vai se desenvolvendo com o tempo de forma ascendente. Você não ama ninguém intensamente logo que conhece. Você conhece alguém e passa a conviver com essa pessoa. É no convívio que você descobre que ambos tem valores similares, muitas identificações como também muitas diferenças. Apenas o convívio leva às descobertas. Juntos passarão momentos bons e felizes mas também terão que vencer muitas dificuldades. Amar é olhar em direção ao outro, dialogar, perdoar, compartilhar, dar-se de maneira intensa. Quanto mais intensamente as pessoas se dão, mais profundo é o amor que se estabelecerá entre elas.

Então é errado se apaixonar? Claro que não. Errado é fundamentar o relacionamento em cima de uma paixão. Agora me pergunte se é possível viver sem paixão. Eu te respondo que uma relação para sempre é aquela que vem com o amor e com uma certa pitada de paixão. É como ter os pés no chão e a cabeça nas nuvens de vez em quando. Pense nisso! No que você tem fundamentado o seu relacionamento?

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